sábado, 15 de março de 2014

O Sábio do Reino

Ariano Suassuna é, antes de mais nada, um sábio, um sábio em um reino encantado, um adorador de mentirosos, palhaços, e doidos, um revigorante de reis, senhores, e cavaleiros.


Sim, mas vamos lá, por onde começar ao falar de Ariano? Bem, o título do post é bem sugestivo, mas não é muito degustativo, por assim dizer. Ariano é, mais ou menos, aquilo queremos ser, é toda a grandeza de uma alma inteligentíssima condensada num espaço nosso, é toda a vontade erudita numa representação regional, é Ariano.


Sábio para mim não é aquele que sabe tudo, é aquele que, com eloquência, consegue dialogar de frente com qualquer um: é aquele que recebe o mais formal, e estudado, doutor, e aquele que apresenta o mais astuto, e ignorante, matuto.



Nesta série, Folhetos Eruditos, vou relatar pormenores de suas maiores obras, um apanhado quase geral, que talvez, faça você se deliciar com o que reconhece e esbugalhar os olhos sobre aquilo que desconhecia.



Um primeiro pormenor que tenho a coragem de relatar, e para o qual atentei muito, é um detalhe entre o próprio Ariano Suassuna e o seu personagem D. Pedro Dinis Ferreira Quaderna: para Quaderna, o Decifrador, as duas figuras armoriais condizentes com a sua nobreza eram a onça castanha e o veado-macho, "suçuarana" é um outro nome para "onça-parda", e, de acordo com o Dicionário Tupy de Gonçalves Dias, de 1858, "çuaçu" ou "suhá assú" significa "veado" no tupi, coincidência?


Então, vamos começar nos debruçando sobre a sua obra mais conhecida? Afiem as línguas, abram os sorrisos, e compadeçam das mazelas e dos pecadores, aí vem O Auto da Compadecida!

Victor Mauricio Borba

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