sábado, 15 de março de 2014

Rosa do Ventos

Sinceramente, você acha mesmo que o mundo é divido entre o "bem" e o "mal"? O conceito sobre os dois lados da moeda é um transtorno apelativo, construído a partir de religiões maniqueístas, e que seduz o indivíduo a um pensamento moral incorruptível. Por mais que tais estórias tentem "educar" as pessoas, principalmente os jovens, para que estes trilhem os caminhos corretos, a sociedade, em que estes se inserem, corre abertamente, às avessas.

Na série Game of Thrones, o perspicaz anão Tyrion (Peter Dinklage), em dados momentos, ora se comporta contra,  ora se posiciona a favor de colocar algum tipo de moral nos Sete Reinos.
Então quando a pessoa aceita que as coisas "não são bem assim", ela pode vir a negar a existência de um "mal", mas o problema é que existe o "mau", uma violência humana, um mistério oculto, a tendência que leva as pessoas a cometerem crimes. O que realmente incomoda é a vontade da maioria de querer provar uma luta constante entre os dois, entre o "bom" e o "mau", e o que talvez poucas pessoas enxerguem é que isto está intrinsecamente ligado a demarcações geográficas.
O Yin-Yang
Se há o Sul, existe o Norte, e eles são tão diferentes como ideologias opostas. Por haver o Leste, o Oeste deve temê-lo! Assim, é como se cada pessoa tivesse que ser partida em dois, como o yin-yang, porém esta filosofia oriental já classifica essa premissa como mentira, pois nela cada pessoa tem um pouco dois dois, diferente da filosofia ocidental, medieval, em que os bons merecem a glória eterna e os maus já têm um poltrona reservada no inferno.
Figura do livro A Divina Comédia, de Dante Allighiere, de 1555.
E, caso não tenham percebido, só essa divisão entre ideias orientais e ocidentais já são apresentadas como dois caminhos opostos. Essa visão é recalcada e nos cega o horizonte, pois, se assim for, sempre um lado estará nós e do outro o "inimigo".
Capa do Livro Para Além do Bem e do Mal, de Frederich W. Nietzsche, de 1886.
Alguns filósofos modernos, em especial Nietzsche, abolem esse estigma bipolar, porém, eles também estão condicionados a isso, pois, envolvidos em circunstâncias de pensadores visionários, conflitam com os filósofos antigos, um embate entre passado e presente. Sempre irão existir aqueles que se conformam com o mundo presente e os que não, transformando cada um em um lado da moeda, e, mais uma vez, cada lado acusará o outro de inimigo.

No filme Clube da Luta, de 1999, o personagem Tyler Durden (Brad Pitty) começa a assumir um papel de instrutor do protagonista, revelando uma face destruidora e redentora, sendo um anti-herói.
Todo esse campo provém do entendimento da alienação, uma pessoa tem para ela uma verdade que é só sua, essa sua verdade pode persuadir outras pessoas, para que elas sigam seu modo de viver por livre e espontânea vontade, mas também, às avessas disso, ela pode querer colocar a verdade que ela acredita à força na cabeça das pessoas.

Possa ser que quem impõe à força suas ideias seja tratado como inimigo, enquanto o que deturpa o pensamento possa ser tratado como mestre, ou vice-versa. O certo é que cada um tenha seu próprio pensamento, e, unindo tais pensamentos possa se compor uma verdade, e não tentá-la vender para iludir ou manipular as pessoas que tenham pensamentos diferentes. As esferas opostas podem ser destronadas pelos pensamentos próprios de cada um, Tolstói estava certo quando disse que as grandes mudanças começam dentro das pessoas, as pessoas devem criar seus próprios princípios, e não seguir o oriente ou o ocidente, nem o norte, nem o sul, elas devem seguir seus próprios modos de agir, para que assim se formem novos conceitos, e esses conceitos entrem em desacordos com novas antíteses, contudo ao invés de construir uma luta que carregaria séculos da humanidade em busca de um única resolução, vamos encontrar pequenas sínteses.

E, para isso, temos a maior prova da desconstrução do "mau" geográfico, a Rosa dos Ventos, pois, quanto mais o tempo passa, mais se descobre novas direções.







Victor Mauricio Borba

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